Correios lançam o “Mais Correios”, mas o marketplace chega com fretes caros, prazos longos e sem diferenciais. Entenda por que não convence vendedores.
Nos últimos meses, os Correios deixaram de ser só uma opção logística pros pequenos vendedores online. Viraram, na verdade, um baita obstáculo. Com prazos demorados, fretes caros e serviço instável, a estatal se distanciou totalmente do que o e-commerce brasileiro precisa hoje. E ao invés de melhorar o que já tava ruim, decidiram criar mais um problema: lançaram o próprio marketplace, o “Mais Correios”, no dia 1º de julho de 2025.
Logo de cara, jogaram 500 mil itens no ar e chegaram com o papo de ser “o marketplace mais democrático do Brasil”. Mas, na prática, o que se viu não empolgou quem vende, e menos ainda quem compra.

Um lançamento sem sal, sem açúcar, sem diferencial
Num mercado dominado por grandes como Mercado Livre, Shopee, Amazon e Magalu, aparecer do nada pedindo espaço exige bem mais que boas intenções. Tem que chegar com algo novo, relevante. Só que o que rolou foi:
- Um site visualmente fraco, com cara de “feito às pressas”;
- Nada de ofertas matadoras ou preços realmente competitivos;
- E o mais bizarro: nenhum benefício logístico, logo o ponto onde os Correios podiam brilhar.
A tal proposta de usar a estrutura nacional da estatal como vantagem competitiva ficou só no discurso. Porque, na prática, isso não apareceu.

Logística: o ponto fraco que deveria ser o forte
Se tem uma coisa que dava pra esperar dos Correios era: entrega rápida e frete barato. Mas o “Mais Correios” chegou com o oposto: prazos altos e fretes mais caros do que os concorrentes.
Testes simples feitos por consumidores mostram que, mesmo com toda a estrutura dos Correios, eles ficaram atrás das grandes plataformas em prazo e preço. Ou seja, nem onde eles deveriam mandar bem, conseguiram entregar algo decente.
Exemplo: uma simulação de compra de um liquidificador comum no interior de SP mostrou a Amazon com frete mais barato e prazo mais rápido. Já o “Mais Correios”… bom, ficou pra trás.

Pesquisa do produto “Liquidificador Philco Plq2100pi 12 Vel + Turbo 1400w 3,0l Preto-inox 220 V” simulando o frete para o interior de São Paulo, Amazon.

Pesquisa do mesmo produto no “Mais Correios”.
Estratégia confusa: competir com quem deveria apoiar?
A decisão de criar um marketplace próprio soa contraditória ao considerar que os Correios ainda são a principal solução logística para milhares de lojistas brasileiros. Em vez de oferecer melhores condições e fortalecer essas parcerias, a estatal preferiu entrar como concorrente direta, e isso tem gerado desconforto em quem já lida com os desafios da operação via Correios.
Para muitos vendedores, isso não só piora a experiência de envio, como também demonstra um desalinhamento completo entre discurso e prática.
Concorrendo com o próprio cliente?
A ideia de criar um marketplace próprio parece meio sem noção, considerando que os Correios ainda são a principal opção de envio pra milhares de lojistas no Brasil. Ao invés de fortalecer essa galera, a estatal preferiu bater de frente.
E o resultado? Um clima tenso. Muitos empreendedores se sentem deixados de lado, tendo que competir com quem deveria estar ajudando a fazer o negócio girar.
O que falta pro “Mais Correios” sair do papel de vitrine institucional?
Mesmo com nome forte e presença nacional, o marketplace ainda está longe de incomodar alguém no setor. Se quiser virar uma alternativa de verdade, vai ter que correr atrás de:
- Uma plataforma decente, com boa navegação e layout que funcione;
- Incentivos reais pro público: tipo frete subsidiado, cupons e suporte que resolva;
- Campanhas de divulgação mais agressivas, com mídia digital forte e promoções atrativas.
Resumo da ópera:
Por enquanto, o “Mais Correios” é só mais um site institucional disfarçado de marketplace. Sem atrativos, sem competitividade e com uma estratégia que parece desconectada do que o mercado realmente precisa.
No fim, fica o questionamento: será que o Brasil precisava mesmo de mais um marketplace meia-boca ou de uma logística pública que realmente funcione pro e-commerce?
Pra quem vive de vendas online, esse lançamento foi só barulho.